Categories
Arte Indígena Filme Indígena Resenhas

Resenhas de Filmes do Projeto Vídeo nas Aldeias

Veja os filmes aqui

 

Por Sarah Shuler e Em Tejada Jaquez

As Hiper Mulheres

Ano da produção: 2011

Duração: 80 minutos 

Diretores: Carlos Fausto, Leonardo Sette

 

O documentário, As Hiper Mulheres, mostra as mulheres do povo Kuikuro do Alto Xingu preparando para realizar o Janurikumalu, o maior ritual feminino no povo. Os ensaios têm crianças e idosas aprendendo as canções e danças durante alguns dias. As mulheres se apresentam para uma das mulheres mais velhas, que está  doente, para ver se ela pode cantar mais uma vez. Alguns exemplos das canções são as canções Etinkgakugoho e Sogoko.

O documentário não tem narração e foi difícil  entender o que estava acontecendo no começo. Por causa disso, a audiência apropriada para este filme são os povos indígenas, porque o documentário exige que você tenha conhecimento prévio.  Uma qualidade e um defeito é que o filme é totalmente na língua indígena. Isso é bom porque é uma oportunidade para o público ouvir uma língua indígena e se dar conta de  que as tradições dos indígenas estão  vivas. Mesmo assim, existe a possibilidade que algumas palavras ou frases não possam ser traduzidas. Um aspecto muito importante, em nossa opinião, foi quando os homens copiaram as canções e danças femininas e as mulheres brigaram com eles numa maneira lúdica. Esse momento mostrou que os povos compartilham as mesmas experiências das pessoas que não vivem nas aldeias. Um outro aspecto importante foi quando uma das mulheres usou um gravador para lembrar e praticar as canções. Foi uma representação da vida indígena conectando com o mundo não-indígena para manter viva a cultura indígena do Xingu. 

O documentário também mostra diferenças entre gerações e conexões entre pessoas de diferentes idades dentro deste povo indígena, e especialmente destaca a importância da oralidade para lembrar e preservar a cultura, neste caso as músicas do ritual feminino.

É um bom documentário, mas é necessário se informar antes de assistir o filme para entender mais sobre os Kuikuro, o papel das mulheres no povo, e o significado do Janurikumalu. 


Por Emilia Tamayo e Yesenia Villatoro Ramirez 

Pemp (1988) dir. Vincent Carelli

Embora o filme tenha sido feito há 32 anos, os temas de autonomia indígena ainda são relevantes agora. Diretor Vincent Carelli visita Pará, Brasil para documentar a luta dos indígenas da etnia Parakatêjê no momento em que suas terras estavam sendo privatizadas pela indústria brasileira de nozes. Ao mesmo tempo, os Parakatêjês estão lutando para preservar sua língua e sua tradição artística de dança e música. 

O filme é muito cru. Mostra muitos dos desafios diários deste povo, por exemplo, o fato de algumas crianças não poderem se comunicar com seus pais. Então, as terras tradicionais dos Parakatêjês também representam a preservação e uma reivindicação  da cultura, ao mesmo tempo que a influência de fora aumenta entre os jovens Parakatêjês.

Embora Vincent Carelli não seja indígena, ele conseguiu apresentar a comunidade de uma maneira na qual as vozes indígenas não são silenciadas. 


Por Michelle Tsai Gomez e Isabel Teixeira

Bimi, a mestra de Kenes

Ano da produção: 2009

Diretor: Zezinho Yube

O documentário Bimi, a mestra de Kenes, mostra a relação da protagonista, Bimi, com uma de arte muito importante de seu povo Huni Kuin. Nos poucos minutos do vídeo, nós podemos assistir ela falando de como aprendeu a arte de Kenes de sua mãe quando ela era mais jovem, como há muitos diferentes desenhos das tecelagens, e como todo o povo chegou a respeitá-la por sua maestria com a arte e pela arte em si. Em termos da narração, o vídeo somente nos mostra as pessoas do povo falando, uma por vez, sem os documentaristas fazendo perguntas para elas. O vídeo depois termina com Bimi falando para todos sobre a sua última tela que ainda não terminou. O cenário do documentário tem estilo muito cru, a audiência que está assistindo pode ver que o vídeo inteiro parece natural, sem forçar a participaçãodas pessoas envolvidas. 

No documentário, um aspecto importante da arte Kenes para o povo Hunikui são as diferenças sutis, porém significativas, entre os desenhos. Embora o documentário seja curto, houve momentos em que o diretor optou por destacar os artistas que escolhem entre desenhos que, para quem está de fora, parecem semelhantes ou iguais. No entanto, para um olhar com experiência e um artista capaz, esses desenhos contêm várias diferenças técnicas e artísticas. O documentário é curto, o que deixa o público querendo ver e saber mais da arte de Kenes do povo Hunikui.


Por Alexandra Stephens e Sasha Zeidenberg

Yãkwá, O banquete dos espíritos

Ano: 1995

Diretor: Virgínia Valadão

Duração: 54 minutos

Yãkwá, O banquete dos espíritos foi feito por Virgínia Valadão em 1995, e dura 54 minutos. O filme é sobre o maior festival do povo Enaunenê-nauê. Ele dura sete meses e tem quatro partes. O filme mostra os rituais tradicionais e também explica as histórias de cada parte. O Yãkwa é muito importante para os Enaunenê-nauê, e isso é muito evidente no filme. O filme tem dois estilos de narração: tem narração escrita e narradores que contam oralmente as histórias. As imagens do filme são da aldeia e a floresta ao redor. O filme segue o povo quando eles saem da aldeia para fazer seus rituais. O filme é uma representação ética do povo porque as pessoas do povo escolheram como seu povo iria ser tratado. O poder se compartilha entre os cineastas e o povo. Mostra uma perspectiva muito diferente da perspectiva europeia/americana e então é um pouco difícil entender. Se você já estudou perspetivas indígenas, será interessante e uma boa fonte de informação.


Por Maddie Haines e Emily Jaruszewski

Marangmotxingmo Mïrang, das crianças Ikpeng para o mundo

Ano de produção: 2001

Dirigido por: KARANÉ IKPENG, NATUYU YUWIPO TXICÃO, e KUMARÉ IKPENG

“Marangmotxingmo Mïrang, das crianças Ikpeng para o mundo”, é um documentário sobre a aldeia e vida quotidiana das crianças Ikpeng que foi produzido em 2001 por Karané Ikpeng, Natuyu Yuwipo Txicão e Kumaré Ikpeng. As crianças mostram suas famílias, suas casas, a casa do cacique e as plantas e animais que vivem perto da aldeia. Falam diretamente com a câmera e assim com sua audiência numa maneira muito familiar, e frequentemente fazem perguntas sobre as similaridades e diferenças entre coisas na sua aldeia e a aldeia da audiência. Não há narração “off” ou de algum adulto.  Os meninos são os únicos que falam e os únicos que escolhem as coisas incluídas  no filme. É um filme interessante e divertido pela leveza da atitude dos meninos.  

O filme é legível e acessível para alguém que não saiba nada sobre o povo porque tudo está ao nível dos meninos, e eles explicam claramente o que estão fazendo e o que está ao redor deles.  O filme é uma carta de vídeo ao mundo fora da aldeia.  Os meninos dão as boas-vindas para sua audiência, apresentando sua vida em uma maneira que inspira todos a quererem aprender mais.  


Por Melisa Aguila e Amanda Maia

As Hiper Mulheres 

Director: Takumã Kuikuro / Carlos Fausto / Leonardo Sette

Ano: 2011

O filme As Hiper Mulheres mostra o ritual chamado Jamurikumalu que um homem da aldeia queria recuperar para sua mulher doente, antes que ela morresse. Esse ritual é um dos mais importantes na região do Alto Xingu, no estado do Mato Grosso. Nesse filme, os diretores ficaram bem perto desse povo indígena e respeitaram o espaço na aldeia. Os indígenas são o foco do filme, que mostra a vida plena na aldeia, com o preparo para esse ritual. As mulheres da aldeia são o foco do ritual, e o filme as mostra aprendendo canções e dançando até se banhando juntas, mulheres de qualquer idade. Achamos a dança uma ótima atividade que deu a todas a chance de participar e se aproximar. Elas praticaram muito para que o ritual fosse perfeito para a mulher idosa que estava doente. O nome dela era Kanu. O pajé da aldeia queria curar ela mais só depois da menstruação dela. A dança era um ritual exclusivo para mulheres, que lhe dava espaço para liderar, para se divertir e para se apresentar para o povo. 

 

Imagem: Vídeo nas Aldeias – Facebook