Yanomami

Por Alexandra Stephens

Introdução ao Povo Yanomami

Recursos

  1. Yanomami – Povos Indígenas no Brasil
  2. Hutukara Associação Yanomami

Também pode ler o glossário que a aula fiz para A Queda do Céu com palavras Yanomami aqui no nosso blog.

O Povo Yanomami agora é um grupo de quase 30,000 pessoas que moram no norte da Amazônia (no que hoje é considerado parte do Brasil e da Venezuela). Os Yanomami conhecem diretamente os brasileiros pela primeira vez no fim dos anos 1800. Antes desse tempo, eles mantinham contato com outros povos indígenas mas não são muito próximos em termos genético, linguístico, ou cultural aos povos vizinhos. Cientistas que estudam os Yanomami acham que eles descendem de um grupo relativamente isolado por muito tempo e é por isso que o povo não tem relações genéticas, linguísticas, ou culturais com seus vizinhos hoje em dia.

Segundo a história oral do povo, sua terra ancestral é na Serra Parima, onde as águas se dividem entre dois rios: o Orinoco e o Rio Branco. Essa terra ainda é o lugar mais habitado por pessoas Yanomami mas o povo tem crescido em outras partes da floresta amazônica e nos centros urbanos. Apesar da opressão que muitos povos indígenas enfrentavam e continuam a enfrentar por causa do governo colonial (quer dizer: Portugal e Brasil), o povo Yanomami cresceu em população e território durante o século XIX porque os povos vizinhos estavam diminuindo por contato com o governo colonial. Durante as décadas 1940–1960, missionários trouxeram uns poucos objetos manufaturados, mas além disso trouxeram epidemias e tentavam reprimir a religião e cultura Yanomami. Entre 1970–1980, a situação só piorou: de repente, os brasileiros tentaram desenvolver o território Yanomami e muitos Yanomami sofreram um grande choque cultural e epidemiológico. Esses projetos de colonização têm deixado suas marcas na população Yanomami mas agora o povo está recuperando e crescendo de novo.

Os Yanomami têm um conceito de urihi, que é a dinâmica de intercâmbio entre seres humanos e outros seres na terra florestal viva. Esses outros seres incluem os xapiripë, quem são entidades interpretadas como espíritos invisíveis da floresta que moram nas montanhas, brincam na floresta, mantêm a floresta viva, e protegem os seres humanos. Também incluem todos os insetos, animais, e plantas que estão vivendo juntos com todos os  outros, fazendo intercâmbio de matéria, informação, e emoção. Enquanto os xapirpë são benéficos, nos rios moram os ne waripë, espíritos maléficos, causas de doente e morte. Para os Yanomami, o mundo é uma grande floresta viva: contudo não todo o mundo é literalmente floresta, tem uma dinâmica de intercâmbio entre seres vivos como a floresta. O conceito de urihi importa mais que nunca hoje em dia com os desastres do meio ambiente, como os incêndios na Amazônia que recentemente queimaram muito território indígena. Davi Kopenawa Yanomami, o líder dos Yanomami usa o conceito de urihi para avisar sobre o que vai acontecer com mudança ambiental: “a terra ficará friável, as árvores secarão, e as pedras das montanhas racharão com o calor. Os espíritos xapiripë […] acabarão fugindo. […] A terra-floresta se tornará seca e vazia. Os xamãs não poderão mais deter as fumaças-epidemias e os seres maléficos que nos adoecem. Assim, todos morrerão.”